Conversa dos Dedos

Querem saber os segredos
Que, em conversa, ouvi aos dedos?

Fala o maior, mais pimpão:
- "Tenho fome! Quero pão!"
Responde o pol'gar: - "Não há,
mas deixa estar... Deus dará!"
E o dos anéis, que é madraço:
- "Pede-se a alguém um pedaço..."
- "Ou furta-se ainda é melhor",
(lembra o meu indicador),

Fala então lá do cantinho
O mais pequeno, o miminho,
E diz, com muitos bons modos:
- "E se nós fôssemos, todos,
Bem unidos, trabalhar?..."

Isso assim é que é falar!

Agostinho de Campos
Livro "Educar"
Medidas de capacidade

A quantidade de líquido é igual ao volume interno de um recipiente. Afinal, quando enchemos este recipiente, o líquido assume a forma do mesmo. Capacidade é o volume interno de um recipiente.


A unidade fundamental de capacidade chama-se litro.


Litro é a capacidade de um cubo que tem 1decímetro de aresta.
1l = 1dm3


Relações
1l = 1dm3
1ml = 1cm3
1kl = 1m3 


Medidas de volume
A unidade fundamental de volume chama-se metro cúbico. O metro cúbico (m3) é a medida correspondente ao espaço ocupado por um cubo com um metro de aresta.


Existe uma relação entre as unidades de volume e as unidades de capacidade:
A diferença entre Volume e Capacidade
Os paralelepípedos, aqueles blocos de pedra que ainda calçam boa parte de nossas ruas, possuem volume, já que ocupam lugar no espaço. Não seria correto afirmar-se que possui capacidade: dentro deles não há espaço para conter nada.

Uma caixa de sapato, por sua vez, também ocupa lugar no espaço, portanto possui volume, mas, além dele, ainda possui a capacidade de conter algum volume no seu interior.


As unidades de volume líquido (também chamadas unidades de capacidade) foram criadas para medir o volume que ocupam os líquidos dentro dum recipiente.

Sistema de medidas imperiais


Na Grã Bretanha
Medidas Antigas



TEIGA. Recipiente de granito, cilíndrico com dois bicos laterais no bordo, com aproximadamente a capacidade de 1 litro. Tem a forma de copo com asa. Existente nas antigas igrejas servia para medir os dízimos devidos ao clero. Porém, pelas suas reduzidas proporções, seria um simples almofariz.
QUARTA. Vasilha quadrangular, em bronze, de quarta (1,6 litros) com duas asas moldadas e decoradas. Medida padrão, do tempo de D. Sebastião (1575), destinada à aferição legal de medidas de cereais.


CANADA. Vasilha troncónica, em cobre, de canada (2 litros) com uma asa lateral. Medida padrão camarária, destinada à medição de líquidos.


QUARTILHO. Vasilha troncónica, em cobre, dequartilho (0,5 litros) com uma asa lateral. Medida padrão camarária, destinada à medição de líquidos.

QUARTEIRÃO. Vasilha troncónica, em cobre, de quarteirão (0,125 litros) com uma asa lateral. Medida padrão camarária, destinada à medição de líquidos.

UM LITRO. Vasilha, em madeira, com uma asa e um bico, destinada à medição de líquidos. Séc. XIX.


Volume do barril
Tendo em conta a legenda da imagem, conseguimos calcular com facilidade o volume de um barril:

O oleiro e a matemática

A oficina de oleiro é considerada a mais antiga das indústrias, isto porque a humanidade, na pré-história, começou a substituir os vasos de cerâmica pelos vasilhames feitos de porongos (espécie de cabaça), cocos e cabaças, entre outras cascas utilizados para o armazenamento de alimentos.

A manufatura de objetos do barro e o surgimento de oficinas de oleiro ocorreu no período neolítico, quando os povos ou sociedades iniciam a confeção de instrumentos mais sofisticados para sanar o problema do armazenamento ou do preparo dos produtos oriundos da produção agro-pastoril, principal caraterística da revolução neolítica.


A matemática na olaria é utilizada através de cálculos, dimensões e proporções que entre si formam uma peça de barro ou porcelana.


 As dimensões medidas e proporções têm de estar ligadas entre si, para que a peça de barro esteja numa base segura.

Consegue-se fazer peças de olaria através de ideias que tenhamos ou suportes visuais (como a fotografia objetos reais, etc.).

Como algumas peças de barro ou porcelana são construídas para armazenar água ou outros líquidos, estas podem ser encaradas dentro da matemática isto é, a capacidade de medida de líquidos (litro, decilitro, etc.).
Regina Rodrigues



O Cesteiro e a Matemática
Por Maria Esmeralda Rodrigues


Introdução


Os modelos matemáticos geram imagens desde a pré-história, pelo que se pode observar a forma como a linguagem matemática está relacionada com a cognição humana e o processo de elaboração de peças diversas. Através de desenhos, imagens, gráficos, diagramas e esquemas, verificamos que a nossa perceção visual é carregada de princípios abstratos, lógicos e matemáticos. Sendo a cestaria uma prática referente ao da arte, pode-se dizer que esta se relaciona com a matemática, bem como a esmagadora maioria das artes.



O que é a Cestaria?


A cestaria é uma atividade cultural expressada pela composição de cestos a partir de materiais como a verga, a vime, o junco, a palha, a cana de bambu, a cana-da-índia e outros. Estes materiais, apresentados em fibras, entrançam-se, formando assim um objeto comparável a uma teia designado de cesto.


O processo


Exemplifiquemos: as aranhas constroem as suas teias começando por fios retos que se juntam no centro. Em seguida, tecem espirais ao redor desses fios, que se vão alargando em órbitas cada vez mais amplas. Os cesteiros trabalham de forma semelhante. Inicialmente, fibras duras (a urdidura) são amarradas num ponto que será o centro do cesto. Em seguida, fibras flexíveis – a trama – são trançadas por cima e por baixo da urdidura, de forma rotativa. Em cestos feitos em caracol, uma fibra resistente, porém flexível, toma o lugar da urdidura reta; é cosida, ao longo das linhas radiantes, com uma trama fina, com o auxílio de uma agulha.


Relação com a Matemática


         Gyorgy Doczi, grande arquiteto escritor de vários livros, afirma que nos chapéus côncavos podemos encontrar relações como as proporções áureas e nos chapéus convexos podemos encontrar relações como o Teorema de Pitágoras. Estas estruturas lógicas podem ser identificadas nos esquemas diagramáticos dos chapéus trançados, reconstruídas pelo método sinérgico de raios e círculos. Acontece exatamente o mesmo com os cestos. Estas tramas e urdiduras remetem-nos às semelhanças e simetrias que sempre procuramos inconscientemente ao observar qualquer objeto. A grande maioria dos padrões de fitas é produzida com base nas relações simétricas possíveis nas tecelagens.



Na elaboração dos artefactos, os indígenas conseguem pré-visualizar a organização das cores antes de elaborar os desenhos e o resultado pode ser notado a olhos vistos: a combinação, a tonalidade, a coordenação motora a precisão dos traços. Tudo o que desenvolvem é baseado em aspetos retirados da natureza, pelo que se observam elementos matemáticos como o ponto, reta, a contagem, repetição das figuras, simetria, plano, semirreta, segmento de reta, ponto médio, polígonos de diversos tamanhos, cada retângulo sendo colocado lado a lado ou um sobre o outro, dando início das figuras, ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal, perímetro, diagonais de uma figura ou polígono, triângulos, quadriláteros, paralelogramos, trapézios, losangos, etc.